sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O que a gente faz com o que fazem da gente: ama

Faz muito tempo que eu venho tentando entender a cabeça do ser humano, sobretudo a minha. Não é fácil lidar com vidas distintas em rotinas compartilhadas. Não é mole encarar alguém que tu vai te apaixonar do nada depois de já ter cruzado por ela umas quantas vezes em um passado nem tão distante assim. Não tem como compreender que cortina era essa que os separava e que cai quando o olhar entende que ali é o seu lugar.
Mas sei lá. Olho para trás e vejo tantos erros. Enxergo passos desajeitados e mãos atadas sob a costas. Encaro aqueles tombos que os dois deram e que nem um, nem o outro, estendeu o braço para ajudar. Nós nos deixamos cair; e levantamos sozinhos. Secamos as lágrimas com o lado que não ficou sujo de terra nos dedos, e amparamos a nossa dor como se ela fosse causa apenas nossa. Trazemos a saudade para a sala de jantar e perdemos a fome daquilo que nos alimentava a alma. Trocamos os sorrisos por armadilhas falsas da lembrança e perdemos a chance de recomeçar do zero. Apontamos os erros daquele que até então só apontávamos para dizer o quão feliz nos fazia. Abençoávamos a relação como crentes fieis de uma fé imbatível. Aos poucos, aquele 'obrigada, Deus, por ser minha', é levado à vala de um 'Deus, por qual motivo um dia gostei dela'.
Trocamos a ordem das palavras. Mudamos o tempo do verbo. Queremos conjugar o amor em amava, e rasgamos o joelho na medida em que a queda nos faz perceber que ainda amamos. Amamos no plural. Amamos no hoje. Amamos mais que ontem. Mas não queremos amar amanhã. Não desejamos carregar no peito aquela gargalhada ao som do violão. E as tantas certezas gritantes de exclamações, viram dúvidas em interrogações cada vez mais repetidas por perguntas sem respostas.
Eu queria, e muito, voltar atrás. Queria contar a até dez para não cometer uma burrada. Queria ter tido mais paciência quando perdi a cabeça. Ou simplesmente queria ter feito tudo absolutamente diferente. Como eu queria ter a chance de não te olhar daquele jeito na escada. Ou de cancelar o convite para o mate. Será que não ter feito nada disso hoje me faria mais feliz? Será que torcer para que a história nem tivesse começado alivia a dor de já ter tido um fim? E será mesmo que ela acabou?
Só que aí eu esqueço de uma palavrinha nada complicada, mas que habita tantos corações, que me faz pensar que sou sortuda por não ser parte de sua residência. Que tal é esse tal de orgulho? Como ele se alimenta? Do que ele sobrevive? Como pode um sentimento tão forte como o amor não combater um tão mesquinho como o orgulho? Que tal é esse tal de ressentimento? Por qual motivo focar toda uma história de vida nele, e não naqueles planos que fazíamos enquanto encarávamos as fotografias?
Eu não tenho uma só linha que me dê esperança. Eu não tenho uma só arma que me faça vencer a discussão. Afinal, como eu disse lá no início, eu ainda não consegui entender a cabeça do ser humano. Muito menos a minha.
Sobre mim, fica apenas o registro de que nunca aprendi a desistir de nada. Nunca entrei em um jogo que já avistava a derrota, tampouco compreendi que perder faz parte do aprendizado. E acho que é essa a parte que nos ferra mais.
Me desculpa por colocar na balança aquela festa, aquele final de semana, aquele beijo, e, mais que isso, aquele eu te amo que gritou antes que o calendário completasse os dias certos. Me desculpa por bater na tua porta, mas também por aceitar os teus convites que se repetiram a semana inteira. Talvez eu devesse ter encarado os fatos de forma diferente. Talvez o meu mundo nunca estivesse traçado junto ao teu. Quem sabe a gente foi apenas uma piada sem graça do destino, que se ferrou quando viu que além de gostar do sorriso e do olhar, foi capaz de invadir o pensamento e abandonar todas as incertezas. Me desculpa se eu ainda penso assim. Se eu ainda sinto assim. E, por último, me desculpa por não ter sido suficiente para te fazer voltar e te mostrar o quanto é lindo o caminho de volta de quem sabe amar.
As linhas são infinitas. Basta que a gente saiba escrever. Reescrever. Apagar. Recomeçar. Reinventar. Que Deus me perdoe se esse não era seu plano. Mas eu acabei tropeçando em meus próprios pés e só não entendo o motivo de tu ainda não ter olhado para os teus e ver que a gente amarrou os sapatos de forma errada. E de acreditar que agora seria o jeito certo. Porque o jeito certo é aquele que te faz abrir mão de tudo, em qualquer momento, para estar ao lado de quem te arranca suspiros, saudade e amor.

O que resta de nós

Teus passos estão diferentes. Ainda é o mesmo jeito de caminhar, mas pra outra estrada que a cada dia te deixa mais longe da minha. Teu olhar tá tão diferente, mesmo que ele continue me dizendo verdades - e é delas que tenho medo. O teu toque já não é mais o mesmo, ainda que tu sempre continue inventando motivos pra me agarrar, agora com a intenção de me incomodar. Os traços do teu sorriso se inverteram, porém quem acompanha os teus suspiros a cada um deles já não é a pessoa que te escreve.
Tenho tentado diariamente me tratar dessa falta que sinto de ti. E me entorpeço da tua ausência até quando tu me abraça. Teus braços que antes envolviam a minha cintura, hoje são apenas dedos que mais criticam o que antes tu admirava. Da tua boca já não saem poesias, mas textos que encontra ao buscar no telefone uma resposta que te faça entender a tua decisão.
Ah essas escolhas que a gente faz. Ah essas renúncias que a gente vive.
Pudera eu poder voltar aquele relógio e escrever por mais vezes o quanto era bom te ter ao meu lado. Ah se eu pudesse te prender dentro do que um dia tu sentiu, e se pudesse te mostrar o passado de uma maneira diferente. Como queria encarar a tua cara (que antes era de boba por gostar de ouvir a minha gargalhada) e não essa que escreve na tua testa o quanto tu lamenta por não conseguir voltar.
Se eu pudesse te faria crer que é possível. Mesmo que impossível seja não ver que já não temos conserto.
Mas ainda assim eu sigo aqui, sentada na tua varanda que me faz ficar longe, mas não tão distante quanto a distância que já existe entre o que sobrou do que até então chamávamos de "nós".

Se foi. E agora?

Um dia eu li uma frase que a gente se apaixona pelo que imagina na pessoa, e não propriamente por quem ela é. E essa é uma verdade. Pelo menos uma das que pertence às minhas.
A gente tem mania de querer arrumar o lado de fora. De tirar a melhor parte do de dentro, e monta uma quadro belo, invejável e impossível de não querer de nós mesmos. Temos a burra ideia de que conseguiremos arcar por bastante tempo e, pior, a crença de que nos tornaremos eternos nessa imagem que faria a gente se apaixonar pelo espelho.
Mas os dias passam, e não são as máscaras que caem. São as consequências da intimidade que gritam mais que o bebê da vizinha. Fica complicado não mencionar que prefere estender a cama sozinha, a deixar o outro deixar o seu lado torto. Daquela despretensiosa suavidade do sair sozinho, passa a brotar o ciúme. Entenda que sempre fui assim, não era mentira. Eu apenas me apaixonei demais, e quando algo entra aqui dentro, já não tenho coragem de deixar sair. Sair de mim, da rotina, dos sonhos. A gente pode até brigar, afinal essa outra peça do quebra cabeça, apesar dos mundos opostos e dos defeitos às vezes contrários, é gente como a gente. Muda da primeira conversa para aquela última que ficou com um nó na garganta de adeus.
Os dias correm, o relógio parece parar - aquele mesmo que quando estávamos juntos nos enlouquecia por estar na velocidade da luz. Quando isso começa a acontecer, enlouquecemos mais ainda. Onde está o motivo de termos caído na rota final? Onde foram parar os caminhos conjuntos que nos levavam ao futuro? Por qual motivo agora me questiono de algo que antes tinha certeza?!
Teimamos em encarar mais o passado e por consequência perdemos aquela caminhada do presente. Nos pegamos tão dentro da saudade, que deixamos de enxergar aquela sede que tínhamos de solidão. Estar só já não significa mais nada. Não tem mais motivo algum para perder as lágrimas. Vamos na memória, na caixinha que ficou escondida em algum dos cantos da tristeza e nos vemos muito mais tristes pela angústia do perder. E nos perdemos. Perdemos a decisão e o medo de voltar atrás. Nos encontramos em meio às árvores de um lugar qualquer, buscando as palavras certas para jogar no seu momento de fraqueza.
Seria posse ou amor? Teria sido amor? Ainda é? Mas se eu te quero tanto hoje, como não vi isso ontem? As suas qualidades que vejo quando te encaro com outra pessoa do outro lado da calçada agora brincam com a minha lembrança. Isso já estava ali? Talvez não. Talvez eu só esteja apaixonada pela pessoa que eu criei com a teimosia de acreditar que do seu lado é o meu lugar. Esse choro descondensado de quando passamos a ver que já não existe mais nada além de um futuro de passos separados.
Será mesmo que sempre foi desse jeito? Prefiro adormecer a falta que sinto do teu olhar que não sabe mentir. Mas será mesmo que ele não sabe ou é o meu que só compreende o que quer ver?
Meu bem, acho que te pintei do jeito mais bonito. Fiz a sua semelhança em função desse aperto que restou. E aí eu compreendo que não te materializei aqui dentro. Hoje parece bem mais atraente do que aquele primeiro dia. Mais firme do que aquele primeiro beijo. Hoje me pego com as mãos coloridas de um ser que criei para abater a falta.
Todos somos quem sempre fomos. No primeiro ou no último encontro. A gente só precisava terminar de ler os créditos. Os créditos que rolam na última tela.
As luzes se apagam.
A fita termina.
A vida recomeça.
Sem você.
Mas eu tive que te dizer tchau tantas vezes, que eu acho que eu me acostumei mais com a partida que com a chegada.
Nem sempre é amor, às vezes é posse. Nem sempre é querer ser do outro, mas necessitar que o outro seja da gente...

A canção que fiz de nós

Já procurei nas letras, mas não encontrei uma só que me fizesse entender o quão grande é o que sinto por você.
Achei sons que me lembraram teu beijo, mas nenhum acorde que me levasse até o olhar que encontrei junto ao meu.
Talvez aquilo que se esconde em nossas certezas, seja mais mais correto do que as tantas respostas que buscamos no que há entre o destino e o nosso presente.
São cifras de uma paixão ainda não decifrada, em uma música que ecoa entre o sussurro e a mão na tua nuca.
Quanto tempo já passou no relógio da nossa ansiedade, e eu ainda encaro os ponteiros que desacreditam os segundos.
A nossa história pula a parte do fim, pois entre nós há apenas o que fica na despedida dolorida do até logo.
E quanto mais eu te acho em meus pensamentos, maior se torna aquilo que nasceu para ser nosso e nem sabíamos...
O convite virou a saga do amor que ainda estava por acontecer - sem mesmo a gente saber.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Ouçam seus pais



Ok, hoje não é um dia propício para eu expor esse tipo de comentário, mas com certeza ele está sendo o motivo de uma azia que se instalou dentro de mim após olhar a minha conta bancária. Para não deixar exemplos negativos, não, ela não está no vermelho, mas confesso que calcular quanto eu poderia gastar por dia até a data do próximo pagamento é algo assustador e panchos estão fora da lista de alimentação por dieta de custos. O que este papo tem a ver com os pais? Tudo! Alguém já deve ter discursado em sua frente falando sobre a beleza da profissão que toca o coração e faz tu levantar todos os dias com uma gana enorme de cumprir as tarefas. Geralmente essa graduação não faz parte dos planos daqueles que já passaram por isso (pelo bom e pelo mau exemplo) e que só querem o nosso bem... nos privando de futuras dores de estômago, cabeça e outras patologias que não nos permitem nem comprar remédios (afinal os impostos estão matando a gente mais do que as enfermidades).

Pois bem, eu fui uma das que não cumpri o título dessa crônica. Direito era o assunto da adolescência e eu até queria. Poder cursar uma faculdade que logo me ofereceria um leque de oportunidades é uma arma e tanta para conquistar um bom futuro. Porém, a minha teimosia, aliada à paixão pela escrita (que até hoje não me deixou publicar um só livro que fosse), fez eu rumar para a Comunicação Social. Mas olha só... que curso lindo! Que bela profissão! Quanto glamour! BOBAGEM! Fiz a habilitação em Jornalismo e logo quis continuar os estudos, ingressando em uma pós-graduação que me abriria portas para Mestrado, Doutorado e, quem sabe, para as salas de aula do Ensino Superior (agora como a teacher da galera). E aí está mais uma coisa que eu não espera: eu sonhando em ser professora por conta de um salário que é tão pequeno, que só encarando as noites de quadros e canetas para diminuir o excesso de pobreza que se instaura na minha receita. (Confesso, eu queria mesmo era telejornalismo e ainda assim eu teria que ter uma sorte do tamanho do mundo e inversamente proporcional ao meu salário para poder contar com uma conta mais gorda, afinal eu teria que ser descoberta pela Globo e aí todos já sabem: cartas marcadas não me colocam entre elas).

E aí, depois de todo esse trololó, fica aqui a minha insatisfação, não com as empresas, mas comigo mesma que escolhi teimar em pleno ano novo de 2010 para bater as patas (sim, pois só sendo um animal para não ouvir os pais) e dizer que se não fosse Jornalismo, não seria faculdade alguma. Em março, lá estava eu, toda orgulhosa, ingressando na Comunicação Social de uma Universidade particular. Para ser mais legal ainda, fui prestar estágio gratuito em uma rádio e admito que foram os estágios que me fizeram ver um mundo ainda mais lindo dentro da mágica comunicação. Talvez essa minha crise de existencialismo jornalístico não tivesse surgido na época por eu ter conseguido uma bolsa do ProUni e sim, eu sou muito grata ao Governo por isso!

Tão logo eu acabava a graduação e já vinha com um sorriso de orelha em orelha... o curso acabava, mas as minhas alternativas não. A empresa que me amparou ainda como acadêmica, fez eu ficar e me deu o salário exigido pelo Conselho dos Jornalistas... Só que, convenhamos, para quem cursou uma faculdade de quatro anos, estagiou durante esses oito semestres e meio e que resolveu que queria criar asas, R$ 1.500,00 é algo meio difícil de te arrancar sorrisos (que dirá suspiros). Pois sim, no Rio Grande do Sul, descontando os impostos e tudo mais, é isso que sobra na nossa continha bancária para pagar o aluguel, o telefone, a internet, a luz, a comida e ainda ter uma vida boa como a minha. E sim, eu faço milagre por não ficar no vermelho. Fico contente de pelo menos nesse quesito eu ter escutado o meu pai: me tornei uma das pessoas mais mão de vaca que eu conheço e isso faz o meu dinheiro render (e às vezes eu acredito que isso é mágica).

Agora, fica a perguntinha: será que não era melhor mandar tudo para o espaço, voltar a ser estudante e fazer aí uma Engenharia, um curso da área da saúde (que me dá náusea só de pensar em sangue) e tentar a felicidade monetária? Não sei! Honestamente não sei onde está o limite que te faz pender para o lado da satisfação profissional ou da satisfação salarial.

Eu já vi tantos profissionais reclamando de suas moedas e sempre pensei ‘uéé... escolheram isso por vontade própria.. não reclamem’... pois bem... garanto que nesse momento tem um engraçadinho que pensa o mesmo de mim e eu não os julgo. Eu escolhi realmente por que quis... por achar que escrever sobre tudo me possibilitaria a oportunidade de mostrar ao mundo coisas que eu descobri em uma ótica tão lírica, que logo transformaria o bruto em arte. Pensei que o entretenimento aparecendo sob a minha narrativa audiovisual poderia ser leve em uma televisão e que o sonho de criança se tornaria real a partir do momento em que eu não ouvisse os meus pais... Só que aí o tempo passou. Os 23 anos chegaram e junto deles fica a pergunta: onde está o mês em que eu vou poder comprar um carro e financiar uma casa? Foi por me fazer essa pergunta que eu entrei em colapso com o meu estômago e estamos até agora discutindo quem está errado: eu ou os meus pais.


De qualquer forma, não posso voltar atrás, mas se alguém souber a solução para tanta choradeira, coloque a resposta aí embaixo... só, por favor, não cobre, senão vou ter que deletar antes de ler, afinal, de contas já bastam as minhas... 

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Uma noite torpe, uma loucura.

Faz tempo que não venho ao encontro das palavras. Desaprendi a deixar os dedilhados falarem por si. Perdi as contas de quantas vezes fui ao teclado, e mais ainda das que pensei em ir. Tenho andado descompensada. Perdida. Perdi o rumo e deixei cair o prumo em uma solidão que vai além do que a alma revela. Cansei de chegar ao porto e desistir de esperar pela Lua, assim como cheguei aos bares e tive ânsia de fugir ao despertar dos próximos dez minutos. Caí em todos os tombos, e me remediei quando quis chegar ao sono.

Já desisti de fazer história, ou de contar sobre a vida (des)interessante daqueles que estão na volta. Colecionei milhares de cartas sem destinatários, e roubei partes das que entreguei – só para me auto afirmar. Calei a consciência que sempre deitou tranquila, destemida pela boca que disse mais do que os pares de ouvidos gostariam de escutar. E foi nesse trajeto de concertos poéticos que se esbarraram em acordes que expressei a canção que ainda não tinha escutado na antiga agulha.

Tentei soprar umas quantas verdades, mas em todas elas – ou pelo menos em sua maioria – o sopro vinha ao meu encontro, me fazendo engolir cada sílaba bem ditada pela ordem da ética. E por mais que eu considerasse que estava na curva certa, vi que o correto nem sempre mora em nossa caixa de madeira da sala, que teimosamente chamamos de lembrança.

Das saudades criei o verbo e entornei uns goles mais do que devia daquele frisante com sabor de abacaxi do tang. Queimei os tocos do chão e percebi que estava sozinha, mesmo que acreditasse que isso era impossível. Arranquei a gargantilha da fé, mas me peguei rezando por dentro e entrando cada vez mais naquela vala do medo. Deixei os ruídos no espaço de tempo que teimava em passar ligeiramente, enquanto eu sufocava uma tristeza que não sabia de onde vinha.

Transpareci nos ombros doloridos a rigidez de uma noite mal dormida, e encarei no reflexo as marcas de uma dor sem nome, sobrenome e endereço. Voltei ao sol depois de perder o fenômeno lunar que só se repetirá em vinte anos, e temi esquecer daquilo que me deixa viva após cada segundo respirado.
Não, não achei que era o fim de qualquer coisa. Nem o meu. Só fiquei entre aquilo que conhecemos por torpe, e me permiti vacilar para solicitar um pedido formal de desculpas aos ouvintes natos da noite.

Não creio, também, que a loucura seja passageira, nem que ela escolhe em que porta bater. Ela chega, entra, abastece os batimentos cardíacos, eleva a ansiedade e cai por terra quando um abraço te aperta e faz o sangue pulsar mais intensamente. Mas ela está aqui, aí, e em toda parte. Ela nasce de uma perda, ou de um quase ganho. Fica no lugar do dinheiro mal empregado, e das posses perdidas em um ensaio. Ela te arranca da cama, mas também dos bares, e te derruba na esquina com um copo de cachaça barata – ou de qualquer coisa que te faça acreditar que ela já foi. Mas ela não vai. Ela permanece isolada das vistas, tão nítida quanto a fé dos descrentes, e cresce na veia de um fogo que queima no estômago quando se menciona o amor.

Dizem que os loucos são os felizes, mas felizes são os que ainda conseguem admitir a loucura. E por mais que você zombe da minha, um dia ela te faz prisioneiro de si mesma. A loucura é a única ausência que não te deixa só.


A luz do teclado invade o quarto pálido e úmido, mas continua clamando por algo que faça a diferença e que tenha valoração para ser lido. Mas o que eu entenderia disso, não é mesmo?! Como eu saberia o que os outros gostariam de ler, se eu mal sei o que ao certo preciso escrever... Talvez seja exatamente por isso que aquela orelha do livro foi a única parte dele que se tornou real. E ao contrário da minha assinatura nas prateleiras da livraria, o que fica de mim é a loucura de ainda escrever assim. Sem pé ou cabeça, mas com alma.

Ausência

Já tem tempo que eu não venho bem. São milhares de coisas e situações que me confundem e que fazem das horas, dias intermináveis de dor de cabeça e efeitos colaterais. Às vezes parece que eu estou entorpecida de algo que não conheço, e me desconheço quando olho o reflexo do que eu me tornei no espelho.
Eu não sei em que momento eu dei o passo desajeitado, mas eu sei que desde que sai de lá eu venho tropeçando e caindo em valas cada vez maiores. Nunca fui de me deixar abater, e ultimamente tudo que eu vejo é uma profunda tristeza que não sai do canto meu olhar.
Eu já não sei se é ausência de alguém, ou de mim mesma. Eu nunca consegui conviver apenas comigo. Sempre precisei fazer uma ligação para acompanhar meus passos pelas calçadas da cidade, ou de uma música para adentrar a rodovia que me ligaria a um futuro distante. Nunca consegui tomar um mate sem ter para quem passar a cuia, ou dirigir sem poder olhar para o lado. Eu nunca suportei qualquer coisa que me prendesse a ouvir apenas a minha voz, e talvez seja por isso que nunca tenha me acostumado com ela.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Uma casa nova (literalmente)

Sair de casa é uma das escolhas mais difíceis que se tem de fazer. Pelo menos se a gente tem tudo na zona de conforto. Fica a dúvida: comprar um carro ou pagar um aluguel? Afinal, o que é mais importante? Ainda estou pensando sobre. Mas algo me inspirou essa noite. Quem sabe sejam os ares, ou os cheiros que eles trazem.


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Os poucos anos em que escrevi sobre decoração me deram uma pequena noção sobre como ter uma casa. Sim, na prática não é tão fácil assim, mas pequenos detalhes fazem grandes diferenças, até para um local pequeno. De uns tempos para cá, tenho pensando em retirar todos aqueles presentes que ganhei de formatura e que nunca foram parar na parede, ou numa mesa de centro de sala. A verdade é que quando fiz a lista, pensei que a graduação me renderia independência. Mas não. Os meses foram passando e foi mais fácil levar o baú para os pés da cama, do que alugar uma peça que se chamaria apartamento. Mas, de tanto ver aquele porta retrato sem fotos atrás do armário, pensei que fotografias combinariam mais com ele do que o plástico original da embalagem.

Foi por pensar nisso que resolvi escrever, sob um novo ângulo, coisas que muitas vezes já publiquei em jornais. Como decorar, afinal, um espaço que a gente possa chamar de lar? Nessa perspectiva vi um universo de possibilidades e cheguei à conclusão de que não precisaria de um mar de dinheiro para montar um ambiente para chamar de meu (mesmo que no final o dinheiro do aluguel pagasse algo que nunca iria ser revertido no pronome possessivo).

De qualquer forma, o que eu poderia ter, então? Sabonetes! Sim, eles são fundamentais. Sabonete ruim não dá vontade de usar, fora que aquele que tem um cheiro especial ainda serve de aroma para a peça menos frequentada como ‘de estar’. Na verdade foi justamente um sabonete que lançou esse post ao blog. Mas ok, uma caixa da natura não seria um bom sofá e é preciso pensar nos móveis. Sabe brechó!? Eles sempre têm peças que saem de um guarda-roupa e pulam para o seu por um preço absurdamente menor que a roupa nova. Com os ‘equipamentos’ de casa funciona assim também. Quem é que consegue ingressar na vida adulta e sair comprando a loja mais cara da cidade? Poucos, acredito (eu pelo menos estou na grande lista dos que não podem).

Aí que entra o brique! Vamos ao sofá simples, e ao lado dele aquele móvel que está sem uso ganha cor e é claro que em cima dele sai do meu baú um porta retrato com uma fotografia do diploma que eu ainda não fui buscar no fotógrafo – antes ocupar o espaço do HD dele do que ter que encaixotar mais uma lembrança que tem sede de ganhar a vida de uma prateleira.

Eu sei que a lista é imensa. Mas quem sabe não seja a hora de sair da zona de conforto e movimentar a criatividade para aprender a fazer arroz na casa nova!? Ok, ainda é só um lapso de ideia, mas talvez a caneta ganhe uma nova lista essa semana. Acho que aquele porta-chaves com mãos de violão e guitarra merecem um espaço ao lado da porta e a boneca de ferro, que hoje está no quarto da minha mãe por ser linda demais para ficar guardada, já está na hora de voltar a ser minha.


Tomara que logo eu possa vir aqui postar fotos dessa casinha que não é de boneca, mas que tem tudo para ser pequena e cheia do que é essencial para tudo na vida: cheia de mim. Que a poesia tome a ponta de uma varinha de condão e a fada madrinha me escute, amém!

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Carta para quem não aprendeu a namorar


Eu sei que esse amor é imenso, mas não o suficiente para tu me encarar como uma prioridade e namoro é um laço de companheirismo, onde ter o outro é mais do que simplesmente estar com ele e com mais ninguém - isso é satisfação.
Namorar é ter o outro e ver no outro alguém com quem tudo tem que ser partilhado, e não é um ter de obrigação, mas de que é impossível olhar para o futuro (seja ele no final de semana ou no ano que vem) e não ver a pessoa junto; é encarar no outro a melhor companhia, onde amigos e família são essenciais, mas o outro é o par... É o coração que bate fora do peito e não dá para ir se os batimentos não estiverem junto.
Namorar é fazer planos, construir uma história, e não desenhar no papel os próprios passos esperando que o outro entenda se quer ou não participar; namorar é emprestar o lápis e pedir ajuda na curva.
Talvez tu só não saiba namorar. Tu sabe amar; ama muito, mas só. E isso é um quarto do que diz respeito ao namoro. E eu não seria de alguém nem pela metade, que dirá um pedaço de todo um mundo.
Me desculpa, mas não posso me submeter a isso porque eu não mereço. Enquanto tudo for mais importante que eu, eu não vou ficar. E enquanto tu me olhar e achar que planejar comigo é abrir mão de ti, tu ainda não pode me ter pra ti. 
Namorar é saber ouvir. Ouvir que me incomodei com o que aconteceu naquela cidade e saber entender que seria melhor - pelo menos nessa viagem - ficar em algum lugar que eu me sinta bem. Mas esquece a estrada; ela já não é mais pauta. Tudo que se refere ao termo "nós" já não está no quadro de matérias diárias.
Pode ser que eu esteja enganada, mas eu aprendi a conjugar o verbo desse jeito, com esses trejeitos desamarrados da solidão. E por mais que agora machuque, não me peça para ficar em nome de um sentimento que não suporta um pedido de 'vem logo'.
Namorar é confiar ao outro um pedaço que existe dentro, mas que era inexistente até aquele olhar cruzar. Entenda que minha rota não pode ir ao contrário da tua, e que um dia tu vai aprender a entender tudo que um dia eu quis dizer.
Até lá, que a sorte nos acompanhe. Não ache que ela está tentando interferir no teu destino por andar ao teu lado, ok? Ela só vai fazer companhia. Uma presença que não bastou ser minha.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Na ausência de uma canção

Não, não vai adiantar me ligar depois da terceira torre de chopp. Nunca fui o tipo de mulher que espera sentada - por qualquer que fosse o motivo. Talvez eu tenha perdido várias batalhas por nunca crer que teria a vitória na Guerra, mas ainda assim nunca perdi meus princípios, tampouco meus anseios eivados de desleixo - meu e seu.

Agora, honestamente, tanto faz. Perdi as contas de quantas vezes me encarei no espelho nas últimas semanas e não tem sido legal ver olheiras profundas em olhos que já não sabem mais como brilhar. É entediante voltar sempre às mesmas propostas e refazer os conceitos a cada semana. Eu cansei de ter de abrir mão de mim para voltar ao passado, quando em verdade eu só queria seguir.

Eu não vou compor uma canção tão boa quanto a sua, simplesmente por que eu não sei o que posso combinar com o A7+. E também por não definir se a rima chega ao final, ou se mudo o tom. Eu não vou fazer outra música por não afinar no refrão, mas por que eu cansei de dedilhar frases soltas.

Eu fui ao máximo; cheguei ao meu limite e desisti. Desisti de sempre desistir de tudo e terminar minhas noites com um nó na garganta e uma lágrima por entre a boca e o olhos olhos. Cansei de corromper minhas histórias e de desfazer minhas malas ainda cheias de ontem e só encontrar rancor no hoje. Cansei dessa saudade que nunca termina, mas que não deixamos que vire presente.

Eu não vou estar aqui quando a quarta-feira chegar, justamente por que eu não quero contar meus passos na calçada, enquanto desafio meu estômago a manter-se em pé por mais algumas horas. Eu cansei de ir além de mim; de destruir minhas promessas e de noites que terminam às 21 horas.

E se você que lê está prestes a perder alguém, quem sabe essa não seja a hora de parar de ler esse blog para desfazer a burrada. Pode ser que ela já esteja pendurando as chuteiras. As minhas já estão no armário. Perdi as chaves.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O que fica de mim

Chega uma hora na vida que a gente precisa dar um rumo pra ela. Que arrumar a própria agenda é mais importante que perguntar aos amigos qual é a balada da noite. Bem, aí tudo passa a ficar na sua zona de tranquilidade. Eu demorei para chegar nela.

Por muitas vezes eu me perdi em meu compasso. Desaprendi a abotoar as camisas e a amarrar os sapatos. Fui dependo de sorrisos alheios para continuar a piada, e de ligações intermináveis para que eu pudesse terminar a quadra. Meus passos deixaram de ser meus; foram nossos. Mas uma hora – depois de beirar a loucura, de arrancar os cabelos e de se sentir vazia – tudo começa a fazer sentido.

Já não tenho mais planos – nem para o sábado à noite. Quem sabe eu jogue banco imobiliário, ou invista no cobertor, filmes e a companhia do travesseiro, apenas. Honestamente? Não sei. Deixei as viagens para a semana de serem realizadas. Tranquei a agenda que ficava dentro da bolsa em uma gaveta do quarto.

Dizem que a maior de todas as loucuras é aquelas que vêm do amor. Pois bem, eu acredito que estavam certos. Mas talvez eu só não esteja mais louca por uma loucura. Quem sabe eu só precise praticar os exercícios de inglês que só pego na quarta-feira de manhã; ou os livros sobre a história da educação, que só encontro na sexta-feira.

Tiririca, no alto de sua figura cômica, disse ‘muitas vezes tentei fugir de mim, mas aonde eu ia, eu tava’. É... Eu estava lá. Quando corri do estado, encontrei meus problemas ao encarar o mar; quando deitei e fechei os olhos, catei meus medos em sonhos que me arrancaram a paz. E se é para eu estar comigo mesma até o final, que me encontrem aqueles que querem ficar, e não os que pedem para eu sair de mim, para ser o que precisam.


Por muitas vezes eu só queria te fazer sorrir. E aí acabou. 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Um pouco de nós



E aí tu vai cair. Vai dizer que doeu mais dessa vez. Que talvez nunca tenha sentido algo parecido. Não, melhor, vai afirmar que nunca sentiu. O mundo vai ir aos pés. Agora não é uma gota no copo com água; já virou um mar imenso e intenso. As dores de cabeça vão te tirar o sono. A fome. Vai devorar aquela pizza quase vencida por gula. Não vai querer parar em pé. Vai ir atrás. Correr. Cansar. Deitar e esperar. Vai dizer que não aguenta mais as próprias lamentações. Vai jurar não mais amar. Vai querer se despir do futuro. Desacreditar em todas as linhas do presente. Vai se anojar do passado, até que ele comece a fazer falta. Vai se agarrar à saudade. Vai colocar fogo no lado ruim. Enaltecer os pontos positivos. Mas olha só que maravilha, se era tão perfeito por qual motivo não deu certo? Ah, mas então é hora de lutar mais um pouco. Quem sabe um grito mais potente; um sorriso estridente. Quem sabe essa seja a hora de recomeçar. Não, não é.

Não vou mais amar como amei. Esse foi o maior sentimento que tive. O mais intenso. O mais verdadeiro. Foi esse que me tirou o fôlego. Com 20 ou 40, tanto faz, a idade já não importa, não amarei mais. Paixões? Que nada! Tudo se foi pelo ralo. Não quero mais ninguém. Não mesmo. Se ele bater à porta talvez eu abra. Tenho certeza que vou abrir. Não vou deixá-lo sair. Ah, meu Deus, deve ser por isso que ele não vem. Estou disponível, está na cara. Perdi o amor próprio e tudo que eu poderia chamar de meu, inclusive as chaves do apartamento que deixei dentro do carro para o caso do acaso esbarrar na porta do prédio de madrugada. Seria "sem querer".

E aí eu vou querer colocar uma faixa na boca de todas as pessoas que me dizem que o tempo é o melhor remédio. Não! Fiquem quietos, vocês não sabem de nada. O tempo não cura. O tempo martiriza. Não cicatriza. Fere. Dói. Traz as lembranças da caixa que esqueci de chavear. O tempo é um tolo. Um idiota. Por favor! Não me diga que passarei por isso outras vezes, pois das vezes anteriores não foram assim. Não, eu não amei como hoje amo. Agora é diferente. O cheiro é mais intenso. O beijo é mais envolvente. Com esse amor eu me casaria. Não quero mais saber de vestidos de noiva. Meu mundo acabou.

E aí, uma semana passa; o mês também. E daqui a pouco já estou colhendo vários deles. As festas são parte da rotina, as gargalhadas venceram as lágrimas. Reaprendi a viver. E, que surpresa: sabe aquele amor infinito? Passou. Acabou. Findou-se. Outro já nasceu. Agora sim é de verdade. Agora sim serei feliz. Esse é para sempre. Para sempre? Sim, existe sim! Ah, estava enganada! O tempo cura! Cura tudo.

Ué sai. Parece que já li esse texto, em um outro tempo, sob uma nova raiz. Ah é. Já vi. Já escrevi. Já senti. É que amores vêm e vão. Amores saem de dentro pra fora, mas também se fazem intrusos de fora para dentro. Não pedem licença. Não há prazo de validade.

Pare com essa bobagem de que vai morrer. Ergue essa cabeça aí. Ou melhor, entorta. Olha para o lado. Sabe aquela garota linda com filhos pequenos? Tem câncer. Sim, e ela está sorrindo. Vai se curar, está quase curada. Você ainda acha que têm problemas? Olhe para cima. Veja através das nuvens. Não conseguiu? Eu te ajudo. Lá existe um cara que morreu em nome de toda uma humanidade que pouco se lembra de sua existência.

Essa é a maior de todas as verdades (se é que ela tem tamanho). Nenhum amor será mais forte que o outro por si só. Amores acontecem sob nossos parâmetros. Dependem de nós, dos outros, das circunstâncias. Dependem até da geografia. Talvez eu tenha vontade de morrer por um certo alguém. Mas calma. Logo o sol nasce, um outro amor vem, e aí tu percebe que ele era grande sim, parecia o maior de todos sim, mas é por que estava perto. Era intenso. Estava ali. É como o Sol e a Lua. Os dois existem, nenhum dorme. Se há Sol, não é que a Lua tenha deixado de existir e seja insignificante, ela só não está tão próxima como aquela estrela brilhante pegando fogo (bem como a paixão que tu sentes agora).

E quer saber? A melhor parte é quando você já descobriu isso.


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Baseado nas histórias que encontro pelo caminho, principalmente nas minhas.

Uma conversa com Deus

Às vezes eu tenho vontade de me encontrar com Deus. Sei lá. Pedir uma ficha. Escrever uma carta. Será que em meio às milhares recebidas eu seria contemplada com alguns minutos com Ele? Queria apostar na loteria, o premio seria o encontro. Ai, Meu Deus, e não dá? E se por alguns segundos eu tivesse a honra de estar à Tua frente só para tentar tirar algumas dúvidas. Umas perguninhas básicas. Deixo até o Jornalismo de lado para não indagar tanto. Será que é possível, Criador, ir aos Teus pés e pedir perdão? Será que por um milésimo de segundo o Senhor me deixaria tocar Sua mão?!

Como eu queria encontrar a luz do Seu olhar e me desculpar por achar que eu tenho problemas. Queria fazer as pazes Contigo, e me acalentar no doce sossego de te pedir mais uma chance. E se por ventura o Senhor resolver me aceitar?! E se eu tentasse explicar com palavras essa anarquia que se instaurou aqui dentro?! E se eu tentasse Lhe dizer das coisas que eu sei e contrapor com as que Tu me ensinastes. Ah, Meu Deus, quem dera se por um segundo eu pudesse Lhe ver. Quem dera se toda essa tempestade me jogasse no caminho sem os tropeços que tenho dado por aqui.

Tenho andado tão dentro de mim, que tenho esquecido de Ti. Há quanto tempo não rezo? Não ouço mais o eco da Fé. Não encontro uma só palavra para dirigir a Ti. Tenho sido egoísta. Errada. Muito por não ter coragem. E se Lhe disseram
que não eram dignos de que Entrasse em sua morada, mas que o Senhor dissesse uma só palavra que eles estariam salvos, como eu não o faria? Mas eu já não tenho como mencionar teu nome, ou tentar ouvir Sua voz. Perdão meu Pai. E se essas linhas foram uma conversa, por certo descobri uma maneira de me encontrar Contigo. Obrigada por estar aqui, dentro de mim, em todas as cirscunstâncias. É esse Temor que tenho por ti que ainda me salva.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

sexta-feira, 27 de março de 2015

(des)norteada

E aí tu me encontra, me bagunça, me beija e me transtorna. Me coloca embaixo dos teus olhos e afaga minha nuca, um pouco com os dedos, e o resto com a respiração que traduz aquilo que eu já tinha lido no olhar de ontem.
E aí eu me entrego, me esqueço, e me reencontro no berço de um sentimento que teima em acender umas trezentas vezes mais que o cigarro de cereja. Mas aí eu te pergunto por que que eu ainda sigo aqui. Perdida entre teclados, suspiros, arrepios e um horizonte (des)conhecido. Fico entre aquilo que não possui resposta, e embarco nos temores do futuro.
Ah se eu pudesse simplesmente deletar o passado. Tu és o meu presente, eu sei, mas aos poucos essa imagem vai perdendo o nexo, e vai ficando mais do teu cheiro no meu ontem do que em meus suspiros de hoje.
Onde está, afinal, aquela velha frase que te faz ficar; que te deixa perder a hora; que te arrebenda as passagens ao meio, pois é necessário deixar de partir? Onde está a minha loucura - até então perdoada, como diria Oswaldo Montenegro - porque metade de mim é amor, sim, e a outra metade eu tenho mais certeza ainda.

E onde foram parar os sonhos? Os desejos? E onde eu me encontro, sem ser ao me encarar e enxergar que em mim ainda tem muito de ti...


Jéssica Pacheco.